Como novos comportamentos de consumo podem influenciar marcas próprias?
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Inspire-se
As mudanças disruptivas e as incertezas provocadas pela crise do coronavírus deram origem a comportamentos de consumo inéditos, acelerando tendências que já estavam em curso. As pessoas têm demandado novos posicionamentos e ações das marcas, que, por sua vez, estão adotando diferentes táticas de resiliência diante dos desafios do cenário. Para o segmento de marcas próprias, que apresentou crescimento no 1º semestre de 2020, não seria diferente.
Mais do que nunca, é fundamental dar atenção ao fato de que empresas são feitas e mantidas por pessoas, que precisam se sentir acolhidas. É hora do varejo reformular estratégias para criar valor, munindo-se de uma perspectiva mais colaborativa para seus modelos de negócios. Quer entender quais são os novos hábitos de consumo que estão remodelando o horizonte das marcas próprias no novo contexto? Descubra neste artigo!
Os novos comportamentos de consumo
A pandemia agiu como um propulsor global de mudanças nos hábitos dos consumidores. Impulsionando tendências como a digitalização de processos e o consumo consciente, tanto no aspecto socioambiental quanto no financeiro, a crise vem fazendo com que as pessoas desenvolvam resiliência, flexibilidade e criatividade para lidar com as novas rotinas de vida e trabalho. E as marcas precisam agir como aliadas dos clientes nesse processo, reinventando-se no mesmo compasso.
De acordo com o relatório “Consumidor do Futuro 2022” da empresa de tendências WGSN, há 4 tipos de comportamentos que impactam a mentalidade em relação ao consumo: o medo e as incertezas; a dessincronização social, ou seja, a perda da ideia de comunidade diante da falta de interação consistente entre as pessoas; a busca por adaptação emocional; o otimismo radical. Desses sentimentos, surgem três novos perfis de consumidores:
- estabilizadores: composto principalmente por Millennials e pela Geração X, esse grupo prioriza o equilíbrio, é cético em relação ao futuro e busca por simplicidade e comodidade nas experiências de compra.
- comunitários: também Millennials e Geração X em sua maioria, essas pessoas querem investir em suas comunidades e negócios locais e buscam por exclusividade e sustentabilidade.
- novos otimistas: esse grupo, formado pela Geração Z e por Baby Boomers, valoriza os momentos de alegria e celebração, exige representatividade para todas as faixas etárias, foge de estereótipos e abraça o poder do coletivo.
Para as marcas próprias, esses novos comportamentos de consumo revelam oportunidades. Afinal, diante das incertezas econômicas, as pessoas estão em busca de produtos e serviços com melhor custo-benefício, mas sem abrir mão da qualidade e das possibilidades de personalização oferecidas pelo ambiente digital. Somente em abril de 2020, as commodities de marcas próprias cresceram 32,6%, em relação ao mesmo período de 2019, segundo a Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização (ABMAPRO).
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Como as marcas próprias podem criar valor nesse cenário?
Para criar diferenciação no mercado e corresponder às expectativas dos novos perfis de consumidores, as marcas próprias agora têm o desafio de oferecer experiências cada vez mais personalizadas, sem perder de vista a busca por inovação e sustentabilidade. Mas como fazer isso, afinal? Vamos apresentar alguns caminhos possíveis.
1. Incentive o comércio social
A crescente busca por iniciativas de comércio social é movida por diversos fatores. Além do menor impacto socioambiental dessas atividades, os consumidores têm se tornado mais conscientes sobre a qualidade e o potencial de geração de renda dos produtos. A isso, soma-se a crescente busca por iniciativas que conectem as pessoas às comunidades locais. Não por acaso, as marcas que oferecem apoio ao crescimento sustentável e à força do coletivo ganham cada vez mais destaque.
A rede de farmácias RaiaDrogasil, por exemplo, lançou, no final de 2019, a “Vegan by Needs”, uma linha vegana da sua marca própria de cosméticos. Com esses produtos, a empresa busca democratizar o acesso a produtos veganos e gerar renda para os pequenos produtores que atuam no fornecimento de matéria-prima. As embalagens da linha são biodegradáveis, feitas de materiais derivados de fontes limpas.
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2. Ofereça experiências personalizadas
Por causa do distanciamento social, cada vez mais pessoas estão adaptando suas rotinas às próprias particularidades. Como afirma o relatório da WGSN, “os mesmos avanços tecnológicos que garantem à sociedade níveis recorde de comodidade […] e de produtividade […] vêm criando uma sociedade dessincronizada”. Por isso, cresce a necessidade de serviços personalizados, capazes de atender a diferentes hábitos e instigar a sensação de pertencimento dos consumidores.
Uma marca que se engajou no desafio foi a rede de lojas Renner, que, durante a pandemia, desenvolveu lives para promover os produtos de suas marcas próprias e apresentar dicas de lifestyle. A 1ª edição foi realizada em parceria com a atriz e apresentadora Fernanda Paes Leme, indicando também um novo caminho para as estratégias de marketing de influência. Com soluções como essa, as marcas têm a possibilidade de oferecer uma experiência diferenciada de consumo e de se aproximar de seu público.
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3. Simplifique o acesso à qualidade
Além da preocupação com os riscos e efeitos da pandemia, o sentimento de sobrecarga com o excesso de informações, de mudanças e de tarefas no dia a dia vem afetando muitas pessoas. Por isso, elas têm investido cada vez mais em experiências de consumo acessíveis, que possam trazer um “respiro” à rotina conturbada, mas sem abrir mão da qualidade.
Atenta à expansão do segmento de cervejarias artesanais no Brasil, a rede de supermercados Carrefour escolheu a Pande para conduzir o processo de criação de uma marca exclusiva e democrática: a Nauta. Para desenvolver um conceito relevante e posicionar o novo produto no mercado, realizamos um processo de imersão e identificamos os principais códigos da categoria.
A partir daí, nosso time desenvolveu um nome e uma identidade capazes de expressar o espírito explorador da nova marca, evidenciando a busca dos novos consumidores por experiências diferenciadas. Com traços rústicos, simplicidade e irreverência, as embalagens comunicam os diferenciais da cerveja Nauta e convidam os consumidores a descobrir uma rota única de sabores e aromas.
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As marcas próprias estão em uma fase de expansão, que traz novas oportunidades ao segmento. Mas para criar valor nesse cenário, é preciso que as empresas estejam atentas aos novos comportamentos de consumo, buscando atender necessidades e superar as expectativas do público, que vêm sendo fortemente impactado pela digitalização das rotinas, conscientização socioambiental e desdobramentos da pandemia na vida pessoal e social. Com pesquisa, estratégia e muita criatividade, é possível vencer esse desafio.
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