Logística reversa: por que as marcas precisam agir agora?
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As imagens das ilhas de lixo que navegam pelo Oceano Pacífico acionaram um sinal de alerta em todo o mundo. Se não mudarmos nossos hábitos de consumo e descarte, até 2050, os oceanos terão mais plástico do que peixes, como aponta um estudo realizado pela Fundação Ellen MacArthur, em parceria com a McKinsey, divulgado em 2016. Felizmente, há muitas pessoas dispostas a repensar hábitos. E é por meio da logística reversa que as marcas podem ajudá-las nessa missão.
Propondo um conjunto de práticas e processos para que as empresas gerenciem os resíduos gerados por suas atividades, a logística reversa tornou-se uma exigência legal, no Brasil, especialmente após a criação da Política Nacional de Resíduos Sólidos em 2010. Mas, ainda hoje, muitas empresas não se estruturaram para cumprir essa demanda. O que muitas delas não sabem é que a logística reversa, além de obrigatória, traz vantagens competitivas importantes. Acompanhe nosso artigo e saiba como colocá-la em prática!
Por que implementar a logística reversa?
A produção de lixo tem gerado preocupação em várias partes do mundo. Para se ter ideia, na Inglaterra, 46% dos consumidores se sentem culpados pela quantidade de plástico que usam e 82% estão tomando medidas para reduzir o volume que jogam fora, segundo dados divulgados pela agência de pesquisa YouGov em 2019. No Brasil, um levantamento da Dow Chemical, em 2019, apontou que ? são favoráveis ao uso do plástico, mas acreditam que são necessárias medidas para a correta destinação do material.
Embora a questão do lixo gere angústia hoje, ela não é tão nova assim. Desde 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos propõe a logística reversa como um processo para garantir o retorno dos resíduos e embalagens pós-consumo às empresas fabricantes. Parece um tanto burocrático e oneroso, né? Bem verdade que essas ações requerem investimentos, mas elas também trazem muitos benefícios para as marcas.
O primeiro é a construção e o reforço de valores ecológicos, afinal, a sustentabilidade não é mais um diferencial, mas um pré-requisito. O segundo está na oportunidade de aprimorar processos produtivos e inovar: as marcas passam a adotar tecnologias mais limpas, optar por materiais ecológicos, gerar empregos em cooperativas de reciclagem e simplificar a reutilização das embalagens. Por fim, a logística reversa contribui com a redução de custos da matéria-prima, já que os resíduos retornam às empresas e podem ser reutilizados.
Como gerar valor para a sociedade por meio da logística reversa?
Para fazer a sua parte e ajudar os consumidores na missão de contribuir com a gestão de resíduos, algumas marcas já estão lançando mão de estratégias inovadoras, que não só reduzem a emissão de gases poluentes e custos com matérias-primas, como também geram emprego e capacitação para a comunidade. Olha só!
1. Estimulando a reciclagem em todos os elos da cadeia
Uma das estratégias mais implementadas de logística reversa é oferecer, ao consumidor, a oportunidade de trocar embalagens vazias por condições vantajosas para a compra de novos produtos. Mas incentivar a reciclagem pode ir além de inserir postos de coleta em pontos de venda.
Seguindo essa ideia, a Natura — que também detém as marcas Avon, The Body Shop e Aesop — lançou, em agosto deste ano, um programa para as suas lojas próprias. Nele, a cada 5 embalagens devolvidas de qualquer marca do grupo, os consumidores recebem um novo produto. A iniciativa é resultado de uma parceria com a empresa de reciclagem TerraCycle, que vai se encarregar da coleta e destinação dos produtos. A partir desses materias, serão produzidos utensílios como vasos de plantas e caixas para legumes.
Essa iniciativa dialoga com uma série de ações da Natura para estimular a reciclagem, como o Programa Elos. Desde 2017, ele busca promover a capacitação de diversos elos da cadeia de reciclagem para a recuperação de resíduos no Brasil, Argentina, Peru, Chile e Colômbia. Segundo a marca, por meio desses projetos, todo ano, são utilizadas quase mil toneladas de plástico reciclado na produção das suas embalagens.
2. Facilitando a gestão correta de resíduos
Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, em 2018, apenas 3% do volume total de lixo, no Brasil, era encaminhado para a reciclagem. Entre os motivos levantados, estava a falta de verba para os municípios implementarem programas de coleta seletiva e a falta de adesão das pessoas, tanto pela dificuldade de acesso aos postos quanto pela falta de informação. Por isso, é tão importante que as marcas ajudem os consumidores a dar a destinação correta a esses materiais.
A Loop — primeira plataforma global de delivery que reúne marcas e varejistas — entrega os produtos pedidos pelos consumidores e, após o uso, os recolhe e devolve com a mesma embalagem, limpa e recarregada. Assim, ela facilita a gestão de resíduos para o seu público, reduzindo a quantidade de material descartado.
O serviço tornou-se especialmente atraente no contexto da pandemia, em que todo mundo precisou recorrer ao delivery. Como afirmou a Chief Creative Officer da Pande, Marta Cardoso, durante uma conferência da Associação Brasileira de Embalagem (ABRE): “A embalagem do produto precisa levar a experiência de marca até a casa do cliente, mas qual é o impacto ambiental disso? Precisamos entregar praticidade e sustentabilidade.”
A destinação correta de resíduos é um dever de todos nós. Mas, por meio de processos como a logística reversa, as marcas podem contribuir significativamente para uma gestão mais responsável desses ativos, cumprindo sua responsabilidade legal e ainda ganhando oportunidades para inovar, reduzir custos, gerar empregos e colaborar com o meio ambiente. O planeta agradece!
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