Fazendo a diferença no mundo: conheça o lado social do design

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Em qualquer área é fundamental estar atento às mudanças que estão acontecendo agora para se preparar da melhor forma possível para o futuro. Recentemente, o South by Southwest (SXSW), um dos principais festivais de música, tecnologia e economia criativa, ajudou vários profissionais a fazerem justamente isso: enxergar tendências que devem modificar o mundo nos próximos anos.

Em um interessante relatório sobre o SXSW 2018 feito pela ABEDESIGN em parceria com o CoolHow, quatro eixos temáticos foram identificados. Por isso, decidimos começar uma série de artigos sobre cada um deles para aprofundar a discussão ainda mais e inspirar designers. Neste primeiro texto, vamos tratar de um dos eixos mais relevantes: o lado social do design.

Ajudando os outros

O Design Social não é um novo gênero ou uma especialização dentro da área, mas sim uma abordagem que tem a intenção de gerar algum impacto social positivo. Através do seu trabalho, os profissionais do design têm poder para ajudar pessoas, diminuindo as diferenças e garantindo direitos e privilégios a quem mais precisa.

Confira também: “Design e engajamento: as marcas devem defender causas?

E não é só o resultado final que importa: quem sofre com determinado tipo de problema deve ser convidado pelos designers para fazer parte do processo de criação e das tomadas de decisões. Somente dessa forma o grupo afetado realmente se sentirá parte da solução desenvolvida. Assim como o Design Thinking, o Design Social é empático e envolve processos altamente colaborativos.

Nessa abordagem também é possível ter vendas e lucro, mas a preocupação principal é mudar para melhor a qualidade de vida de um indivíduo ou até mesmo de uma comunidade inteira.

Um exemplo que ilustra bem o Design Social é o case Guate Amala (ou “Amor a Guate”, em tradução livre). Em 2004, a Fundação Projeto de Vida convidou o designer Bruce Mau para criar uma visão de futuro para a Guatemala. Ao ressignificar o nome do país, ele inspirou a população através do design e contribuiu para a formação de um movimento de positividade que conectou iniciativas e parceiros de diversas áreas.

Na hora de elaborar produtos que façam a diferença na vida das pessoas vale a pena ficar atento a alguns princípios do design, como:

1) Uso justo

Um produto pode ser útil e comercializável para pessoas com habilidades diversas, como este tabuleiro de xadrez adaptado para deficientes visuais, que promove a inclusão social. Com ele, o jogador consegue diferenciar as peças brancas das pretas, além de encaixá-las mais facilmente em furos localizados em cada casa.

Outro bom exemplo nesse sentido é o Bradley Timepiece, um relógio simples e intuitivo para deficientes visuais que permite saber o horário apenas pelo reconhecimento tátil. Para isso, basta checar a bolinha magnetizada que roda na parte externa do círculo e marca as horas, e perceber em que posição está a bolinha que gira internamente, marcando os minutos.

2) Flexibilidade

O design de um produto também pode acomodar uma ampla variedade de preferências e habilidades individuais. Uma tesoura como a dessa imagem proporciona o uso fácil com as duas mãos, permitindo que o instrumento seja alternado entre elas durante tarefas muito repetitivas.

Há também a Liftware, colher desenvolvida pela Google que pretende ajudar pessoas com doença de Parkinson a se alimentarem sozinhas. O aparelho possui um motor elétrico estabilizador que consegue anular os tremores e movimentos involuntários das mãos do portador, fazendo correções automáticas.

3) Esforço físico mínimo

O design também deve oferecer conforto para o maior número possível de usuários. O Hippo Roller, por exemplo, foi criado por dois sul-africanos que queriam facilitar o transporte de água potável em comunidades rurais. Eles notaram que, diariamente, milhares de mulheres e crianças percorriam vários quilômetros com pesados ??baldes equilibrados em suas cabeças, algo que gerava problemas na coluna e no pescoço.

A solução foi uma espécie de barril que podia ser rolado no chão e tinham uma tampa para diminuir o desperdício. Além de recolher cinco vezes mais água que um único balde, o Hippo Roller também é simples de ser limpado internamente, ajudando a evitar contaminações.

HippoRoller

Como você viu, o Design Social é desejável e necessário. Profissionais dessa área podem aproveitar essa chance para criar produtos inclusivos que ganhem destaque no mercado e transformem positivamente a vida de pessoas.

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