Mercado pet: como as marcas podem inovar seus produtos e serviços
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O perfil dos lares brasileiros está mudando: 11,7 milhões de pessoas viviam sozinhas, em abril de 2020, o que representa 16,2% das residências, como aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua divulgada pelo IBGE. Essa reconfiguração vem abrindo mais espaço para a adoção de cães, gatos e outros amigões, transformando o mercado pet no 3º maior do mundo, com quase 140 milhões de animais de estimação, segundo o IBGE, e um aumento de 41,56%, entre 2013 e 2018, conforme pesquisa do Instituto Pet Brasil.
Por trás desses números, está ainda o fato de que os bichinhos vem sendo acolhidos como parte da família e, portanto, as pessoas têm buscado por produtos e serviços que ofereçam um cuidado mais integral aos animais e se comuniquem com o seu estilo de vida. Para entender melhor quais são as novas demandas desse segmento e como algumas marcas têm gerado valor nesse cenário, acompanhe nossas dicas!
Como os novos integrantes estão inovando o mercado pet?
Os novos arranjos familiares têm trazido mudanças no perfil dos animais de estimação. Embora, no Brasil, a maior parte ainda seja formada por cães, entre 2013 e 2018, houve um aumento de 8,1% nas residências com gatos, segundo o Instituto Pet Brasil. Lares com bichos de pequeno porte, como roedores e peixes, também cresceram nesse período: 6% e 5%, respectivamente. A mudança se deve à ampliação no número de pessoas ocupando imóveis pequenos e à percepção de que esses animais exigem cuidados mais simples.
Outro fator é o interesse tardio dos millennials na constituição de uma família, o que faz com que eles desenvolvam um elo mais profundo com os bichos e sejam mais exigentes em torno dos produtos e serviços oferecidos a eles. Mas, segundo a diretora executiva da Michelson Found Animals, Aimee Gilbreath, isso vai muito além da humanização dos pets. Essas pessoas estão “alavancando tendências emergentes para tornar mais fácil ser um bom tutor, e cuidar da melhor forma possível de seus bichos de estimação”.
E como as marcas têm se posicionado frente à essas novas demandas?
Para atender as novas necessidades e interesses dos tutores de bichos de estimação, as marcas precisam oferecer um amplo portfólio de produtos e serviços e, ao mesmo tempo, um alto padrão de qualidade. Algumas empresas já estão caminhando nessa direção e, aliando sustentabilidade e inovação, têm gerado valor para os negócios e proporcionado bem-estar e diversão para bichinhos de diversas espécies, portes e gostos. Entenda!
1. Sustentabilidade e matérias-primas naturais
Em busca de produtos e serviços que provoquem menor impacto ambiental, as pessoas têm escolhido marcas que apostam em matérias-primas sustentáveis e tecnológicas. No segmento de limpeza e beleza pet, por exemplo, tem crescido a demanda por produtos sem parabenos e outros componentes derivados de petróleo.
Além disso, com mais pessoas se conscientizando sobre os riscos dos transgênicos, como o excesso de sódio, a preferência pelos alimentos orgânicos se estendeu ao mercado pet. Assim, as empresas que se apoiam na ciência e apostam em ingredientes naturais apresentaram um crescimento médio de 9% e movimentaram cerca de U$1 bilhão ao ano, em 2017, segundo o Instituto Pet Brasil. Neste cenário, algumas apostam, até mesmo, no apelo das “superfood”, alimentos ricos em nutrientes e com poucas calorias.
E como o bem-estar dos animais está aliado ao cuidado com a natureza, algumas marcas estão oferecendo também embalagens mais sustentáveis. Esse é o caso da All Love, da Dr. Stanley, que optou por caixas e sacos produzidos em papel reciclado.
2. Cuidados integrais e comodidade
A saúde e o bem-estar dos bichinhos também passaram a ser tratados por uma diversidade maior de profissionais e abordagens, que vão da veterinária tradicional à terapia holística. Para os donos que não têm tempo para suprir todas as demandas do seu animal, surgem cada vez mais serviços, como pet sitter (pessoa que vai na casa do tutor), passeadores, creches e hotéis. A confiança é um dos critérios mais importantes para o sucesso desses empreendimentos, bem como a profissionalização da estrutura.
Quem tem espaço suficiente em casa pode investir em equipamentos de academia e playgrounds para os bichinhos se exercitarem. A Gattedo, empresa de Porto Alegre que fabrica artesanalmente parquinhos, móveis funcionais e arranhadores para gatos, faz sucesso por apostar em produtos pet-friendly que se alinham às tendências de design de interiores. As criadoras da marca se apoiam nos conceitos de coliving e de enriquecimento animal para criar produtos que dialoguem com o instinto natural dos gatos.
3. Conscientização
Embora cada vez mais pessoas estejam se informando sobre o bem-estar dos bichos e os considerando como parte da família, ainda são necessárias campanhas de conscientização sobre a causa animal. Por isso, algumas marcas estão priorizando ações solidárias em suas atividades e, até mesmo, repensando a apresentação de seus produtos, a fim de compartilhar dicas importantes e demonstrar sua autoridade para cuidar dos pets.
Um bom exemplo foi dado pela Pedigree, que, durante o distanciamento social, recorreu à tecnologia e iniciou, no Brasil, a campanha “Cachorros no Zoom”. Nela, a marca tem realizado videoconferências com cães de diferentes abrigos para promover a adoção.
Já no Canadá e na Austrália, em 2019, a fabricante de biscoitos caninos Hot Hounds produziu uma linha para conscientizar as pessoas sobre os perigos de deixar os amigões dentro dos veículos enquanto os donos fazem compras. O objetivo era mostrar que os carros ficam quentes o suficiente para cozinhar os biscoitos. O lucro dos produtos, que ganharam embalagens bem divertidas, foi revertido para a Society for the Prevention of Cruelty to Animals, uma organização que busca combater a crueldade aos animais.
A pandemia alavancou uma tendência cada vez mais forte nos últimos anos — a adoção de bichinhos, a otimização dos cuidados integrais com eles e as necessidades particulares de cada tutor. Assim, as pessoas estão buscando por marcas sustentáveis e inovadoras que ofereçam mais qualidade na alimentação e no dia a dia dos animais de estimação. Para gerar valor nesse cenário, as empresas do mercado pet precisam apostar em mensagens genuínas e produtos diferenciados, que gerem confiança e dialoguem com o seu público.
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