Gamificação: saiba como essa técnica pode otimizar a sua marca
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Todo projeto é formado por uma série de processos criativos que conquistam o engajamento dos times facilmente, e outros que exigem um pouco mais de atenção. Mas e se essas atividades mais maçantes pudessem trazer tanta satisfação às pessoas quanto uma partida de jogos? Essa é a aposta da gamificação para desenvolver soluções cada vez mais eficazes e inovadoras, principalmente no universo digital.
O que é gamificação?
Basicamente, é uma técnica na qual as empresas aplicam, em suas experiências da vida real, práticas que são utilizadas pela indústria de jogos, uma das primeiras a desenvolver projetos com foco nas pessoas. Isso porque a principal função do designer de jogos é entreter os participantes, entendendo o que os mantém motivados. Assim, enquanto muitas soluções das marcas são projetadas para privilegiar a eficiência — design focado em funções —, a gamificação coloca as motivações dos usuários no centro do processo.
Para isso, os designers inserem elementos, como placares, metas, organização de tarefas em fases ou níveis e pequenas premiações, em um produto que não está nesse contexto. O objetivo é conquistar o engajamento do usuário para fortalecer a marca, solucionar desafios internos ou promover o lançamento de novos produtos. Afinal, quem não tem um pouquinho de competitividade ou se sente realizado ao cumprir as tarefas do dia a dia?
Mas como funciona esse processo?
As marcas vem aplicando essas práticas com sucesso. Isso porque elas se baseiam em diversos princípios que permitem compreender o comportamento dos usuários, prever suas respostas e, consequentemente, criar produtos que atendam às suas expectativas. Segundo o especialista em gamificação Yu-Kai Chou, esses princípios são norteados por 8 motivações principais — conhecidas como Core Drivers —, que são comuns a todas as pessoas e foram reunidas por ele em um modelo chamado de “Estrutura de Octálise”.
Para você entender melhor como esses princípios são aplicados na criação de soluções gamificadas, vamos utilizar o exemplo do aplicativo de meditação Headspace. Seguindo à risca a estrutura de Yu-Kai Chou, os designers criaram uma plataforma bastante amigável, fazendo com que ele se tornasse um dos mais acessados no mundo. Nesse caso, os princípios da Estrutura de Octálise funcionam da seguinte maneira:
- Busca por propósito: “Quero me sentir mais feliz e gerenciar meu fluxo de pensamentos”.
- Desejo de conquistar algo: “Com apenas alguns minutos, eu completo a minha meditação e cumpro uma tarefa de hoje”.
- Sentir-se seguro para expressar sua criatividade e receber feedbacks: Como posso tornar a meditação de hoje mais interessante?”.
- Procura por influência social e conexão: “Uau. Consegui fazer a minha meditação de hoje, vou compartilhar meu resultado no Stories!”.
- Propriedade e posse: “Posso criar uma agenda de meditação personalizada de acordo com as minhas necessidades”.
- Evitar consequências negativas: “Consegui manter o hábito de meditar por 15 dias seguidos. Não posso perder a de hoje!”.
- Imprevisibilidade: “Opa! Novas meditações disponíveis, vamos explorá-las”.
- Escassez: “Essas meditações especiais estão com um preço especial. Acho que vale a pena experimentar”.
Além disso, com o auxílio de animações bem simpáticas, o Headspace trabalha com uma pequena linha do tempo, de forma que as meditações feitas pelo usuário e os vídeos assistidos por ele determinam as histórias que ele encontrará dentro da plataforma. Assim, o usuário tem um senso de controle e autonomia sobre a própria jornada.
E como a gamificação pode ser aplicada no seu negócio?
Para se ter ideia da importância da gamificação para as marcas, ela é hoje uma das maiores tendências no desenvolvimento de plataformas de aprendizado. Uma pesquisa da eCom Scotland apontou que mais de 30% das empresas do segmento têm utilizado essa estratégia em seus cursos, 12% estão desenvolvendo testes e 53% esperam utilizar as mecânicas de jogos em suas soluções nos próximos dois anos.
Quem se lembrou do Duolingo? Com medalhas, uma moeda própria (os “lingots”) e placares que conectam as pontuações obtidas pelo usuário e sua rede de amigos, o aplicativo se tornou uma ótima solução para aprender novos idiomas.
Já no ambiente corporativo, a gamificação pode ser aplicada em treinamentos e reuniões, divididos em etapas com metas e pequenas premiações. Assim, os gestores ganham mais ferramentas para acompanhar o progresso da equipe, tornam os objetivos das tarefas mais claros e conquistam o engajamento dos funcionários para traçar soluções inovadoras.
A Google, por exemplo, criou um jogo de despesas de viagens para criar motivação entre os seus funcionários. Na plataforma, os usuários conseguem acompanhar os seus gastos e o valor economizado por eles é “devolvido”, adicionado ao próximo salário. Além disso, os colaboradores podem escolher doar essa quantia para instituições de caridade.
Portanto, a gamificação pode ser aplicada de diversas maneiras para solucionar os mais diferentes desafios de acordo com a necessidade e o contexto de cada marca. O essencial é despertar a motivação dos participantes. Para ajudar você a desenvolver uma estratégia eficiente, preparamos algumas dicas importantes:
# Conheça o seu público
Para obter bons resultados com a gamificação, as empresas precisam se atentar às reais necessidades e interesses do seu público, buscando entender o seu contexto, suas razões psicológicas e os desafios a serem solucionados.
# Defina os objetivos
Qualquer estratégia de gamificação começa com a definição de objetivos e metas, alinhados ao propósito do negócio. Procure entender quais resultados você pretende alcançar ao fim do processo e, a partir disso, defina o que significa “vencer o jogo”.
# Crie uma narrativa
Uma narrativa consistente é essencial para cativar os participantes da sua dinâmica. Ela permite conexões entre as experiências passadas, as conquistas do presente e as ambições para o futuro. Com analogias, você ajuda a fixar conteúdos e cria as mecânicas que guiarão seus “jogadores” pelos diferentes níveis. Avatares, insígnias, missões e universos com regras próprias são ótimos recursos para a imersão dos participantes.
# Proponha mecânicas e regras
Um bom jogo precisa de regulamentos que definam o progresso gradual dos participantes. Você pode propor um sistema de pontos, criar diferentes níveis, estabelecer desafios individuais e conceder prêmios, por exemplo. As possibilidades são muitas, então procure entender o que funciona melhor para o contexto do seu negócio.
# Mensure resultados
Uma estratégia de gamificação precisa de recursos para medir o desempenho dos participantes. O uso de aplicativos e outras plataformas digitais ajuda a acompanhar os indicadores com maior facilidade, mas também é possível fazer isso por meio de recursos como placares, pesquisas de opinião e feedbacks.
Viu só como a gamificação pode tornar qualquer desafio mais divertido, impulsionar a inovação e facilitar a mensuração de resultados? Por isso, para otimizar o seu negócio, procure entender bem as necessidades do seu público e da sua marca e, a partir disso, defina quais são os recursos ideais para a sua solução gamificada. Assim, você pode, em parceria com um designer, criar narrativas imersivas e dinâmicas práticas, capazes de conquistar o engajamento dos usuários com experiências diferenciadas.