Como as marcas podem ajudar as pessoas a lidar com a ansiedade

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Não está fácil para ninguém. Basta um breve olhar sobre os fenômenos contemporâneos — mudanças climáticas, rotina acelerada, cobranças excessivas, cenários políticos instáveis, pandemia, crise econômica, excesso de informações e discursos de ódio — para entender alguns dos fatores que têm afetado praticamente todo mundo, de diferentes maneiras e proporções, impulsionando sintomas de transtornos de ansiedade e depressão.

No Brasil, a situação é ainda mais delicada: segundo a OMS, em 2019, o país contabilizava o 5º lugar em casos de depressão e o maior número de pessoas ansiosas, 9,3%, no ranking mundial. Os dados servem de alerta para as marcas, afinal, elas interferem em rotinas e comportamentos de consumo que podem ser um gatilho para os processos psicológicos. Mas também podem ajudar o público nesse cenário, como vamos mostrar neste artigo!

Empatia e autenticidade: essenciais para uma postura colaborativa

Em um relatório divulgado em fevereiro deste ano, o Grupo Consumoteca nomeou de “Economia do Mal-Estar” um mercado que se baseia na venda de soluções rápidas para amenizar sofrimentos contemporâneos. Segundo o documento, uma comunicação excessivamente focada em ideais de felicidade e bem-estar pode fazer com que as pessoas se sintam mal consigo mesmas e percam espaços de descompressão e vulnerabilidade. 

Portanto, mais que nunca, as marcas precisam se colocar no lugar do público e repensar suas formas de abordagens, definindo estratégias de relacionamento centradas em reduzir estímulos ao estresse e à angústia. Assim, se sobressaem as empresas que adotam uma atitude flexível para compreender os novos comportamentos de consumo dos clientes e se comunicar com eles de maneira empática e criativa.  

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Marcas que se comunicam com empatia colocam seu público no centro de suas preocupações e amenizam frustrações

Como as empresas podem ajudar os consumidores na prática?

Como vimos, as marcas podem adotar posturas colaborativas, colocando a empatia e o propósito no centro de suas estratégias de geração de valor. Algumas empresas decidiram remodelar sua estrutura física, reduzindo gatilhos para o estresse, e outras focaram nos processos de produção e discursos. Confira alguns insights e cases reunidos por nossa equipe!

1. Ofereça ambientes tranquilos para as compras

Para ajudar as pessoas que se sentem sobrecarregadas, é importante que você crie ambientes (físicos e virtuais) acolhedores, que simpliquem o processo de compra. A rede de supermercados espanhola Consum topou esse desafio e convocou a consultoria criativa Culdesac para remodelar o arranjo, a sinalização e o mobiliário de suas lojas. No primeiro semestre de 2020, na cidade de Benicasim, foi lançado o primeiro resultado dessa parceria: uma loja inteiramente projetada para proporcionar uma experiência tranquila. 

Para isso, foram considerados diversos elementos. O piso, por exemplo, foi projetado para diminuir o barulho quando algúem se desloca na loja e os sinais luminosos foram substituídos por discretas sinalizações no chão. As diferentes seções passaram a obedecer padrões geométricos e a cor laranja, marca da rede, começou a ser usada apenas em detalhes pontuais. O projeto será implementado nas outras 680 lojas da rede.

O espaço tranquilos e práticos também influenciam nas sensações do público, sendo uma boa estratégia para contribuir com a saúde mental do consumidor

2. Colabore com as pautas que interessam ao público

A desigualdade social, as ameaças à biodiversidade, os discursos de ódio e muitos outros acontecimentos que ganham os noticiários, diariamente, fazem com que as pessoas se sintam com medo, impotentes e, consequentemente, angustiadas. E uma das lições mais evidenciadas na pandemia é que, mobilizando recursos e estabelecendo parcerias, as marcas podem e devem colaborar. Portanto, ajude o seu público a tornar o mundo melhor! 

Seguindo essa ideia, para celebrar os 20 anos da linha Ekos, a Natura investiu em embalagens comemorativas, que destacam a origem amazônica dos bioativos e a ausência de ingredientes animais na linha. Adotando a bioagricultura (modelo livre de agroquímicos que se ampara nos mecanismos naturais do ecossistema para o cultivo), a marca se compromete a extrair apenas o necessário para os seus produtos, buscando beneficiar as comunidades que vivem da coleta da castanha e manter o equilíbrio da floresta.

Para estabelecer uma conexão, as marcas precisam estar atentas aos interesses do público e apoiar causas que sejam relevantes

3. Assegure a transparência dos processos

Com tantas notícias sobre marcas que veiculam discursos falsos, infringem princípios de ética e preservação ambiental e desrespeitam minorias, as pessoas têm ficado cada vez mais desconfiadas. Por isso, é preciso que as marcas utilizem seus pontos de contato (sites, redes sociais, embalagens…) e tecnologias para informar o público e garantir que os produtos e serviços que ele está adquirindo são seguros e coerentes com os seus valores. 

Neste ano, a Nestlé usou a tecnologia de blockchain (bases de dados distribuídas e compartilhadas que buscam garantir a idoneidade da informação) da IBM, a Food Trust, em uma linha especial dos cafés Zoégas, comercializados na Suíça. Nela, a marca inseriu um QR Code que permite aos consumidores rastrearem toda a linha produtiva dos cafés, desde as fazendas onde eles são cultivados — localizadas no Brasil, Ruanda e Colômbia — até a tostagem, moagem e embalagem dos grãos na Suíça. 

Para se relacionar com as pessoas, a comunicação precisa ser transparente e coesa, de acordo com os princípios da marca

Diversos fatores contribuem com a crise de saúde mental que vivemos hoje. Como fazem parte da rotina das pessoas, através de seus produtos e serviços, as empresas podem (e devem) colaborar para que elas se sintam mais seguras e consigam resolver seus problemas de maneira ágil e simples. E, para isso, é preciso que as marcas se estabeleçam como aliadas, lançando mão da empatia, transparência e da criatividade para gerar valor.

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