Assistentes de voz: o que os designers têm a ver com isso?
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A relação das pessoas com os conteúdos de mídia e os assistentes de voz vem se transformando nos últimos anos. Os podcasts e audiobooks ganham cada vez mais força. O mesmo acontece, por exemplo, com os mecanismos de busca dos celulares e os comandos inteligentes dos carros, que podem ser acionados apenas com algumas palavras. E se os dispositivos sonoros estão mudando a forma de consumo, faz todo sentido que as companhias criem estratégias para se posicionar nesse novo momento — mas isso só será possível se os designers desenvolverem novas habilidades.
O crescimento do uso de assistentes de voz
Foi-se o tempo em que realizar funções por comando de voz era um problema. Antes, falávamos com assistentes pessoais e frequentemente não éramos entendidos. Mas com o passar dos anos, esse tipo de tecnologia se aprimorou e hoje é possível, até mesmo, ter conversas mais elaboradas com a Siri, a Bixby ou com a Cortana, por exemplo.
Por outro lado, os consumidores começaram a se sentir mais confortáveis com as vozes artificiais, confiando nas máquinas para realizar atividades corriqueiras, como consultar a previsão do tempo, programar um alarme, escutar música ou realizar ligações.
Essa tendência se intensificou com a popularização dos smartphones, hoje bem mais acessíveis para a maioria das pessoas. Afinal, os recursos de voz são amplamente utilizados nos celulares inteligentes. Mas outros equipamentos que possuem essa mesma tecnologia, como os smarts peakers (alto-falantes inteligentes), também vêm ganhando espaço entre os consumidores.
À medida em que as pessoas conhecem e se familiarizam com as novas tecnologias (impulsionadas pela praticidade que elas proporcionam), essa relação se torna mais forte e os consumidores passam a ver os assistentes de voz como parte do cotidiano, incluindo-os em atividades cada vez mais complexas.
Compras às cegas: onde fica o design?
Quem acha que confiar em máquinas para realizar compras é uma realidade distante não poderia estar mais enganado. Um estudo da Adobe Analytics, por exemplo, mostrou que, em 2018, mais de um terço dos americanos que faziam uso de smart speakers já haviam adquirido produtos por meio desse dispositivo. E os dados não param por aí.
De acordo com uma pesquisa do Capgemini Research Institute, em três anos, 73% dos consumidores vão preferir fazer suas compras por meio de recursos de voz. E alguns especialistas da Gartner apontam que os e-commerces pioneiros a usarem esse tipo de tecnologia vão conquistar pelo menos 25% a mais na receita ou redução de custos.
Isso quer dizer que uma parte considerável das compras ocorrerá sem que o cliente tenha contato visual com o produto. Mas calma! Não estamos dizendo que o design não será mais necessário. Ele ainda terá grande influência em momentos como a pesquisa e a comparação entre concorrentes e, claro, na experiência do consumidor. E dessa forma, uma nova possibilidade é aberta para os profissionais da área: o design de interações de voz.
Desenhando experiências sonoras
O design de experiência e de interface — que é pensado com foco no usuário — tem tido muito sucesso ao ser aplicado em produtos, serviços e, até mesmo, na trajetória do cliente. Isso porque hoje vemos o design como um facilitador, algo que extrapola (e muito) um aspecto meramente estético. E para tornar os produtos mais intuitivos e agradáveis, é preciso considerar, primeiramente, o consumidor e a forma como ele interage.
Essas metodologias já testadas pelos designers de interface serão uma base importantíssima para a criação de novos métodos que facilitem a experiência dos clientes com os assistentes de voz. Ainda que existam questões do design de interações sonoras que precisarão ser pensadas exclusivamente para essa área, considerando todas as suas especificidades, como o fato dela ser muito menos palpável.
Nesse cenário cada vez mais definido pelos consumidores e suas relações com dispositivos tecnológicos, como os assistentes de voz, é importante que os designers invistam em novas habilidades que permitam a criação de produtos e serviços mais interativos. Só assim é possível proporcionar aos clientes experiências de compras mais eficientes e satisfatórias.