A evolução tecnológica e os novos desafios do design

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A tecnologia é uma condição para a criatividade. Sem ela, uma pessoa não consegue ser criativa.

Duas frases bem impactantes na primeira vez que a lemos, concorda? O autor delas é Nick Law, CCO do Publicis Groupe e defensor de que os avanços tecnológicos e a conectividade aceleram a criatividade e estão diretamente relacionados à inovação.

E faz sentido se a gente parar para pensar, principalmente na nossa área. Afinal, tecnologia e design são campos que sempre se deram muito bem juntos. De um lado, as novidades tecnológicas são responsáveis por facilitar e otimizar o trabalho dos designers. Do outro, os profissionais criativos são fundamentais para o desenvolvimento, aplicação e usabilidade das novidades digitais.

Assim, a lógica por trás do pensamento de Nick Law fica bastante simples: em vez de tratar a tecnologia como uma barreira para a criatividade, por que não enxergá-la como uma potencializadora de possibilidades? Algo capaz de oferecer experiências ainda melhores para as pessoas, no nosso contexto altamente conectado e interativo?

Mas é claro que da mesma forma que a inovação digital contribui, ela também desafia. E uma das grandes exigências que ela impõe ao design é a capacidade de adaptação. Com uma maior participação da tecnologia na vida das pessoas, muita coisa vem mudando – e a relação entre marcas e consumidores é uma delas. São novas formas de consumo, novas demandas e novas oportunidades, que requerem novas soluções dos designers.

Embalagens em um mundo mais eficiente

Um dos desafios do trabalho dos designers em relação à tecnologia tem a ver com a criação de embalagens. É preciso entender muitas das inovações que estão surgindo para oferecer um diferencial que realmente se conecte com as expectativas do público.

Felizmente, as novidades tecnológicas conseguem dar mais eficiência a diversos processos e até ajudam marcas a encontrarem alternativas de consumo mais sustentáveis. Um exemplo é a Loop, uma plataforma recém-lançada em Nova Iorque e Paris que tem o objetivo de promover o “lixo zero”.

A ideia é resultado da coalizão de grandes organizações (como Dove, Gilette, Pantene e Häagen-Dazs) e funciona da seguinte forma: as pessoas compram um produto – um sorvete ou um desodorante, por exemplo – em um supermercado on-line e, quando ele acaba, a embalagem é recolhida na casa do cliente para ser reaproveitada.

Esse tipo de mudança na lógica de consumo – que deve se tornar cada vez mais comum – tem tudo a ver com as novas possibilidades tecnológicas e demanda soluções criativas de designers para que sejam colocadas em prática. Para se ter uma ideia, no caso da Loop, embalagens que antes eram de uso único, foram projetadas para serem reaproveitadas mais de cem vezes! Um desafio e tanto, não acha?

Novas estratégias de branding

Mas não é só o design de produtos que vem passando por transformações. As estratégias de posicionamento de marca e branding também ganham novas configurações em um mundo cada vez mais digital.

Basta olharmos, por exemplo, para o aumento das compras feitas por assistentes de voz, que estão exigindo uma rápida adaptação das organizações – ainda mais quando a previsão é de que esse mercado atinja U$40 bilhões até 2022.

Por isso, empresas como a Mastercard já estão pensando lá na frente. Recentemente, a marca lançou a sua primeira identidade sonora, que funciona como uma assinatura musical, reproduzida toda vez que uma compra é feita.

Isso é um indicativo de que, se antes as estratégias de branding eram executadas basicamente por meio de recursos visuais, agora elas devem considerar as novas oportunidades de atuação que as companhias têm no mercado. Afinal, as inovações tecnológicas vem provocando uma revolução nas formas de interação entre pessoas e marcas – e o design precisa acompanhar tudo isso.

A evolução tecnológica e o novo design

Mesmo com todas as incertezas, é bastante natural que o avanço tecnológico seja responsável por certo otimismo entre os designers. A tecnologia oferece ferramentas e oportunidades para a experimentação e o trabalho criativo, dando origem até a novas áreas de atuação dentro do design (sendo que muitas delas são voltadas para o mercado digital).

O ponto é que, de uns anos para cá, várias coisas mudaram em função da transformação tecnológica. A comunicação ficou mais rápida, a prestação de serviço tornou-se mais digital e as formas de comercialização ganharam novos contornos.

Por isso, se o design quiser manter sua credencial de “solucionador de problemas”, é fundamental que ele participe dessas mudanças e se transforme em uma área cada vez mais interdisciplinar, trabalhando com profissionais de tecnologia e de outros setores que lideram a inovação nos dias de hoje.



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