A inteligência artificial pode substituir os profissionais do design?

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“A inteligência artificial pode ser a melhor ou a pior coisa que já aconteceu à humanidade”. A frase do físico Stephen Hawking, que faleceu em março deste ano, deixa claro que nem as principais mentes do planeta sabem com absoluta certeza como será o nosso futuro ao lado de tecnologias cada vez mais desenvolvidas.

Enquanto algumas pessoas imaginam uma sociedade completamente dominada por máquinas, outras defendem que não há nada a temer e que a nossa relação permanecerá pacífica. Apesar dessa insegurança sobre o que vai acontecer nas próximas décadas, no momento atual a tecnologia e a IA são uma parte importantíssima das nossas vidas e estão transformando diversas áreas profissionais.

É justamente sobre esse impacto da inteligência artificial em uma área específica – o design – que vamos falar no artigo de hoje.

A inteligência que simplifica e complexifica a vida dos designers

Neste nosso cenário em que a tecnologia está consideravelmente presente, muitos profissionais do design questionam se a inteligência artificial pode ameaçar seus empregos. Afinal, várias atividades que antes ocupavam grande parte do seu dia hoje são simplificadas por recursos inteligentes que otimizam toda a produção.

A edição de fotos e a montagem de esboços, por exemplo, são facilitadas por softwares como o Adobe Sensei, que utilizam a IA para analisar padrões de cores, layouts e dimensões, e sugerir elementos harmônicos para um projeto, realizando edições automáticas e poupando o tempo dos profissionais.

Mas ao mesmo tempo em que plataformas facilitam o cotidiano dos designers – permitindo que eles foquem mais nas decisões criativas e estratégicas do que em alguns aspectos cansativos da parte técnica –, a IA também cumpre atividades mais complexas do design. E é isso que deixa alguns profissionais receosos em relação ao futuro.

Apesar das suas limitações claras, o The Grid, por exemplo, surgiu há alguns anos como uma plataforma capaz de substituir o trabalho dos web designers, atuando no desenvolvimento e construção de sites.

Há também o Mark Maker, que utiliza uma inteligência artificial para criar logotipos baseados nas preferências do usuário. A pessoa só precisa acessar o site e selecionar as opções de logotipo que mais gosta para gradualmente “ensinar” o algoritmo do sistema sobre seu estilo predileto.

Com todas essas inovações surgindo agora, é bem provável que no futuro próximo os profissionais do design terão de conviver com tecnologias ainda mais sofisticadas relacionadas ao seu trabalho. Mas será que isso pode ameaçar as carreiras deles? Afinal, há motivos para temer a IA?

Não, não há. Mas o designer precisa se reinventar.

A tecnologia e a inteligência artificial podem realmente pôr fim a certas profissões – e algumas, como piloto de avião, contador e assistente jurídico, já tem até prazo de validade.

No caso dos designers, a probabilidade de eles serem substituídos por máquinas é baixa, mas adaptações definitivamente serão necessárias. Se eles quiserem permanecer com um papel relevante no mercado será necessário aprender a colaborar com a tecnologia. Para isso, os profissionais precisam acompanhar de perto o desenvolvimento da inteligência artificial para compreender exatamente quais são as capacidades e restrições dela.

Assim, em vez de a IA ser um problema, ela se torna uma oportunidade de explorar a própria criatividade de maneiras totalmente novas. Um possível caminho para os designers é deixar a tecnologia com as tarefas mais “braçais” da profissão e focar na parte estratégica de melhorar cada vez mais a experiência do usuário. Para isso, o profissional vai precisar de conhecimento em campos como estatística, análise de dados e ciência cognitiva.

Munido de milhões de dados coletados pela IA sobre o que precisa ser otimizado em uma embalagem e como exatamente isso deve ser feito – alterando a tipografia ou determinada cor, por exemplo –, o designer poderá pensar em experiências mais personalizadas e relevantes para o consumidor, e construir diversas soluções em conjunto com a IA.

Ou seja, o trabalho da forma como ele é hoje mudará por conta da tecnologia, mas tudo indica que ela será uma ótima aliada na expansão das habilidades do designer.

pnde

É isso! Chegamos ao fim da nossa série de quatro artigos inspirados nos principais eixos temáticos do South by Southwest (SXSW) deste ano, que apareceram também no relatório feito pela ABEDESIGN em parceria com o CoolHow. Esperamos que você confira o relatório completo (baixe aqui) com as tendências que devem modificar o mundo nos próximos anos e releia nossos textos anteriores sobre Design Social, Cultura Criativa e o futuro da relação entre marcas e consumidores.

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