Collabs entre marcas: por que elas são mais do que parcerias comerciais

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As colaborações entre marcas estão em toda parte, unindo alimentos com cosméticos, ou mesmo a moda de luxo com produtos do dia a dia. Se antes as collabs eram iniciativas pontuais, hoje elas se consolidam como uma estratégia recorrente, eficaz e potente para marcas que desejam inovar, se manter relevantes e dialogar com um consumidor cada vez mais exigente. 

Porém, criar collabs não é simplesmente juntar dois logos em uma embalagem. Quando são pensadas de maneira estratégica, essas colaborações ultrapassam o marketing e se transformam em experiências relevantes para os consumidores. Elas comunicam muito mais do que um novo produto, mas criam propósito, pertencimento e desejo

O que tornam as collabs impactantes?

Uma collab eficaz é aquela que gera conexão real com o público. Mas, além disso, ela pode oferecer mais vantagens para as marcas envolvidas nessa relação. Como, por exemplo:

  • criação de uma parceria inédita entre marcas;
  • despertar do sentimento de afeto, resgatando memórias positivas;
  • desenvolvimento de um serviço ou produto conveniente para os públicos;
  • promoção de identidade cultural por meio do storytelling. 

Além disso, muitas collabs operam dentro do que se chama hoje de dopamina design, ou seja, com produtos criados para gerar prazer visual imediato. Cores saturadas, contrastes intensos, elementos gráficos exagerados. Essas colaborações não são pensadas apenas para as prateleiras, mas para que possam viralizar nas redes sociais.

A união entre Doritos e Heinz, por exemplo, entrega exatamente isso: duas marcas com forte presença visual que criam uma estética caótica e com grande potencial de viralização das redes sociais. O mesmo vale para Oreo e Coca-Cola, que criaram uma collab que se tornou um acontecimento visual antes mesmo de chegar nas prateleiras. O produto já nasce pronto para o unboxing, para o story e para o compartilhamento.

A colaboração entre O Boticário e Bubbaloo é um exemplo de como o design pode ativar memórias afetivas por meio de múltiplos sentidos. Inspirada no clássico chiclete, a linha de produtos combina embalagens coloridas com fragrâncias que remetem diretamente ao aroma do doce. Apesar do apelo nostálgico, a collab foi desenvolvida para um público jovem-adulto, equilibrando o imaginário infantil com uma estética contemporânea.

Por aqui, tivemos a oportunidade de trabalhar no projeto do panetone Milano Qualitá Exclusive, uma parceria entre Qualitá e a Casa Suíça, um exemplo de como as collabs podem elevar o posicionamento de marcas próprias por meio da associação com nomes especialistas. A união da conveniência e tradição da Casa Suíça, referência na produção de panetones no Brasil, com a Qualitá teve como resultado um produto premium, com apelo sensorial e valor agregado. 

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Design como protagonista da narrativa

O design é um fator essencial para o sucesso de uma collab. É ele quem dá corpo à experiência, que equilibra (ou realça) a identidade das marcas envolvidas e que transforma a ideia em imagem. Em algumas parcerias, o logo da marca convidada ganha mais destaque, uma estratégia quando o diferencial está justamente na novidade.

Em alguns casos, a marca principal se mantém como protagonista, e a colaboração surge como um toque especial. Essa abordagem pode ser uma escolha valiosa para preservar coerência visual e autoridade no ponto de venda. Já nas parcerias em que as marcas têm força e público similares, é comum que o design encontre equilíbrio com logos que dividem espaço de forma harmônica.

Mais do que estética, o design comunica intenção. É ele quem mostra ao consumidor que aquilo não é só um produto novo, mas uma nova história sendo contada.

Nova geração, novas demandas

O comportamento de consumo das novas gerações também ajuda a explicar como as collabs podem ser uma estratégia relevante. A Geração Z, altamente conectada e exigente, valoriza experiências únicas, produtos com identidade e narrativas que traduzem seus valores. É uma geração que não consome apenas por funcionalidade, mas por pertencimento, sendo então mais disposta a investir em alimentos premium, cosméticos com propósito e produtos que ofereçam uma estética desejável, digna de compartilhamento. 

Já a Geração Alpha, cresce imersa em conteúdos de skincare, beleza e autocuidado, o que revela uma sofisticação antecipada nos hábitos de consumo. O fenômeno Sephora Kids, por exemplo, mostra que as crianças estão atentas às tendências, mesmo que, muitas vezes, o mercado não saiba como abordar esse público. 

Nesse contexto, as collabs funcionam como atalhos simbólicos, conectando universos distintos, ativando repertórios afetivos e criando produtos que são, ao mesmo tempo, novidade e referência. Elas oferecem exatamente o que essas gerações procuram: uma experiência sensorial, visual e culturalmente relevante. Quando bem planejadas, as collabs não só capturam a atenção dessas audiências, como também constroem vínculos duradouros.

Quando as collabs resolvem problemas reais

É verdade que muitas collabs se apoiam no tema da nostalgia para despertar memórias e emoções do público. Mas, também é possível observar parcerias que ganham força ao oferecer respostas a demandas concretas do mercado, como mostra claramente o caso do azeite Trela + Batalha.

Diante de um setor envolto em fraudes, misturas indevidas e rotulagens enganosas, a Trela se uniu à Azeites Batalha para oferecer um azeite transparente, confiável e acessível. Aqui, a collab posiciona a marca própria como especialista e resolve um problema real, entregando valor com propósito.

Usar dados e insights reais de mercado é um caminho que deve ser explorado para criar colaborações que vão além do desejo momentâneo. O resultado são soluções duradouras e significativas que resolvem problemas reais de comunicação.

Collabs como ferramentas de comunicação e pertencimento

Quando bem executadas, as collabs não são apenas ações promocionais. Elas criam um novo ecossistema com significado único, reforçando comportamento, cultura e a memória dos consumidores. Elas constroem narrativas visuais e emocionais que fortalecem o posicionamento das marcas e aprofundam a conexão com seus públicos.

E se o desafio atual de uma marca é se manter relevante em um mercado saturado, veloz e hiperconectado, as collabs surgem como um caminho potente para ampliar repertórios, abrir conversas e construir pertencimento.

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