Como a mentalidade descentralizada pode preparar seu negócio para o futuro?

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Adaptar-se de maneira ágil nunca foi tão importante no mundo dos negócios. Graças às transformações trazidas pela globalização, pela digitalização e pelas pautas de justiça social — como as lutas pela equidade racial e de gênero — para nossas rotinas, os modelos tradicionais vêm, aos poucos, dando lugar a propostas mais dinâmicas, alinhadas a uma mentalidade descentralizada no âmbito dos negócios.

Pra se ter uma noção, atualmente, as empresas sequer visualizam a perenidade como um indicativo de sucesso. Nos Estados Unidos, por exemplo, para obter capital de investidores, as corporações candidatas já precisam apontar, em seus planos de negócios, caminhos de saída (o chamado way out), que podem ir desde uma abertura de capital até a incorporação por outra companhia.

Para refletir sobre esse processo e a importância das marcas repensarem suas propostas de negócios, reunimos alguns insights do publicitário, empreendedor e sócio da Pande, Gian Franco Rocchiccioli, que lançou, recentemente, o livro “Descentralizada – Uma nova mentalidade”. Vem com a gente!

O que é uma mentalidade descentralizada no mundo dos negócios?

Gian Franco descreve esse conceito como o modus operandi de marcas que, a partir da compreensão de uma necessidade, são capazes de criar um ecossistema para que diferentes agentes solucionem a demanda identificada, gerem valor e prosperem: “Essas companhias transformarão radicalmente nossa lógica atual de negócio, colocando o valor a ser entregue, o propósito, a transparência, as oportunidades, a experiência e a fluidez na interação entre seus usuários à frente de todos os principais dogmas corporativos.”.

Nessa nova mentalidade de negócios, as empresas deixam de ser organizações “fechadas entre quatro paredes” para se transformar em sistemas autônomos, integrados internamente e externamente, a fim de permitir que todos os participantes desse ecossistema criem e recebam valor. Ou seja, as empresas não são mais responsáveis por controlar recursos, e sim por organizá-los de uma forma multidirecional.

Bom exemplo disso foi a revolução trazida pelo lançamento do primeiro iPhone, em 2007, e da App Store, quase um ano depois. Naquele período, os cinco principais fabricantes de telefones celulares — Nokia, Samsung, Motorola, Sony Ericsson e LG  — controlavam 90% do lucro global do setor. Em 2015, o iPhone já era responsável por aproximadamente 92% desse lucro segundo a empresa de análise de dados International Data Corporation (IDC).

Mas o que explica essa mudança? Ao lançar o iPhone e uma loja virtual de aplicativos para seu sistema operacional, a marca com logo de maçã foi além do produto e idealizou uma plataforma onde desenvolvedores e usuários geravam valor. “À medida que o número de participantes de cada lado aumentava, esse valor também aumentava. Um fenômeno chamado efeito de rede, considerado por muitos economistas nos dias atuais como fundamental para o bom funcionamento de uma estratégia de plataforma”, conta Gian.

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Como os modelos descentralizados podem redefinir a geração de valor?

Para Gian Franco, modelos de plataforma como o proposto pela Apple e, mais recentemente, pelo Magalu — que, desde 2018, vem repensando suas operações para contribuir com a digitalização do varejo por meio da criação de um ecossistema digital que conecte vendedores e compradores — geram resultados interessantes, mas são uma etapa de transição.

Como ele explica em um trecho do livro, “concebendo-se como plataformas dinâmicas, as organizações descentralizadas prometem mudar radicalmente o ambiente e os modelos de negócio no futuro. Essas organizações serão organismos dinâmicos, muito mais capazes de adaptar rapidamente suas estruturas, seus processos, suas equipes e seus modelos de negócios às transformações em curso, tratando, portanto, a questão da evolução, não mais como uma disrupção, risco ou quebra de seu próprio modelo, mas sim, como algo totalmente incorporado a ele; algo natural, parte da cultura dessas organizações.”.

Propósito, descentralização e tecnologia: o case de sucesso do Magalu

O exemplo do Magalu é ótimo para entendermos as marcas que estão guiando esse novo movimento de mercado pautado pela descentralização. Afinal, a digitalização da empresa estava intrinsecamente conectada ao propósito da companhia. 

No início da transição do Magalu, o Brasil enfrentava dificuldades para impulsionar o e-commerce. Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), até 2019, a participação do país no comércio digital no setor de varejo ficou quase estagnada em aproximadamente 5%. Foi por causa dos esforços de marcas como o Magalu e da adesão massiva ao comércio eletrônico na pandemia que esse índice dobrou em 2020.

Colocar o propósito no centro dos negócios não tirou o faturamento do Magalu nessa equação. Os líderes da companhia estudaram modelos bem-sucedidos, como os praticados por Amazon e Alibaba, e adaptaram estratégias para dialogar com as peculiaridades socioeconômicas de nosso país. Resultado: em 2020, o Magalu tornou-se a 6ª empresa mais valiosa da Bolsa de Valores brasileira, ultrapassando o Bradesco!

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Bem verdade que as transformações que marcas e profissionais vêm encarando exigem novas capacitações e investimentos financeiros. Mas é preciso também que desenvolvam uma nova mentalidade de negócios, alinhada à agilidade, à fluidez, à empatia e à pluralidade que as novas gerações tanto vêm demandando. Como diz Gian Franco: “Pense livre, deixe as velhas ideias binárias para trás e se comprometa com um novo modelo de pensamento: humilde, dual, ousado e orientado por uma ideia ampliada de valor.”.

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