Mulheres Que Curam

Na Amazônia, a Aldeia Segredo do Artesão é conduzida por mulheres indígenas que preservam seu território, cultura e permanência na floresta. A arte, sua principal fonte de renda, transforma grafismos ancestrais em peças multicoloridas repletas de proteção, força e cura. Esse trabalho artesanal promove autonomia à aldeia, fortalece sua permanência e contribui para a preservação da floresta. De forma solidária, a Pande desenvolveu um projeto gráfico que traduz a riqueza cultural da aldeia, gerando engajamento e levando a estética dos povos da floresta aos centros urbanos.

O projeto busca, em primeiro lugar, compreender e valorizar a expressão artística do povo Huni Kuin, levando sua rica cultura para o contexto urbano. A iniciativa visa criar uma ponte entre esses dois mundos, impulsionando a autonomia das mulheres da aldeia por meio da venda de seu artesanato. Ao gerar renda e garantir o sustento da comunidade, o projeto contribui diretamente para a preservação de seu território e modo de vida.

A divulgação desse trabalho funciona como uma forma de proteger e fortalecer a cultura Huni Kuin, despertando o interesse e o respeito do público urbano por essa rica forma de expressão. Compartilhar esses saberes ancestrais com a cidade, nas palavras da líder indígena Siriani Txaná, é promover uma troca intercultural que beneficia a todos.

Inspirado pelos grafismos ancestrais, o time passou por uma imersão nesse universo durante um workshop criativo com as fundadoras da marca, no intuito de entender a estética e conceitos simbólicos étnicos, e de evitar estereótipos. Nesse momento, ficou definida a persona da marca: espiritual e ativista.

A prioridade do projeto era ter o entendimento da expressão artística desse povo para exaltar sua cultura e trazê-la para a cidade. Ao aproximar o público urbano da rica cultura Huni Kuin, desejamos despertar o desejo de adquirir peças com grafismos indígenas e, ao mesmo tempo, promover uma experiência de conexão com a floresta e seus saberes ancestrais. A ideia é apresentar os signos Huni Kuin de forma contemporânea e atraente, sem diluir a identidade e os significados por trás dessas expressões artísticas.

Ao gerar identificação com o público da cidade, o projeto dá visibilidade às mulheres artesãs da aldeia, valorizando seu trabalho e sua cultura, e contribuindo para a preservação da floresta Amazônica.

A estratégia do projeto norteou a definição da persona da marca e estabeleceu os parâmetros para a construção da identidade visual.

A decisão de manter o nome da marca, Aîbaibu Kayawai, na língua indígena Hatxa Kuin, reforça a importância da sua expressão verbal, representando as artesãs falantes do idioma da floresta, e a força sonora que ela carrega.

A tipografia do logotipo tem o contraste invertido, o que causa certa vibração no olhar, remontando a experiência ritualística.

A paleta de cores é inspirada nas artes Huni Kuin que utilizam tons vibrantes de alto contraste, retratando mirações provenientes de rituais de cosmovisão.

O logo tem como inspiração os Kenes, que são grafismos revelados em rituais xamânicos de cosmovisão e estão presentes em toda a sua expressão artística; representando os olhos e escamas da jiboia, um ser sagrado para esse povo.

A fim de concretizar a marca e fortalecer sua presença, foram utilizadas ferramentas estratégicas para a busca de fornecedores e parceiros engajados com a proposta da Aîbaibu Kayawai. A criação de um ensaio fotográfico composto por uma rica diversidade de corpos, etnias e identidades de gênero reflete a visão inclusiva e plural da líder indígena Siriani Txaná, que acredita no poder da troca intercultural e na construção de pontes entre diferentes culturas e saberes.